quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

CONFISSÃO, CRESCIMENTO E JUSTIÇA (por que a Justiça do Cristianismo é diferente e superior à justiça das religiões e da Filosofia?)


Diferentemente do que muita gente imagina, o crescimento cristão não é esse acúmulo gradativo de virtudes pessoais arduamente construídas ou esculpidas pelas pessoas nelas mesmas ao longo do tempo. Sempre com muito controle, muita dedicação, muita meditação, muito esforço pessoal e energia mental. Uma justiça pesada, árdua, que até caminha com ares de simplicidade, mas que, se a examinares com rigor, verás que na verdade caminha cada dia na direção de mais inflada, hoje já segura de si, amanhã ainda mais, sendo, portanto, uma justiça vaidosa, gorda. Se me faltam palavras para melhor descrevê-la, resumo por assim dizer: Não, definitivamente... essa não é a justiça do Evangelho. Ela está mais para as justiças das várias correntes filosóficas e do esforço religioso básico humano, razão pela qual na Bíblia a FILOSOFIA e as RELIGIÕES são consideradas... er... um LIXO diante do resplendor da Cruz de JESUS CRISTO (não soou politicamente correto, eu sei). Infelizmente, muito encontrarás também dessa falsa justiça importada para o que chamam de "religião cristã". Gente que como cristão daria, talvez, um ótimo budista ou hinduísta, mas, por favor, nunca um cristão. Vivem a tentativa e o trabalho dessa justiça árdua, sem que percebam que os envenena, centrada e com méritos no eu, suada. Justiça que a rigor jamais poderá ser humilde, mas que sempre há de se esconder vestida com as roupas da modéstia e que é para que nunca lhe descubram o orgulho, o qual certamente seria reprovável e mataria a humildade, a qual é um baluarte da justiça e, portanto, implodiria, assim, o próprio conceito de justiça. Cuidado. Não te esqueças que tal justiça da filosofia e das religiões jamais foi nem poderá ser aceita pelo cristianismo pelo fato de que despreza a obra da Cruz e ofende nossa oração cristã mais básica (Avinu Shbashmayim - Pai Nosso que estás nos céus), a qual termina nos dizeres: "Tua é a glória para sempre, amém". Tua, somente Tua (referindo-se a DEUS). Sendo assim, que crescimento ou que justiça nos resta aos cristãos? Que acreditam na justiça imputada e não na justiça do esforço e do mérito? Viver talvez uma eterna espera da imputação? Um dia, quem sabe, sorrir eternamente no céu por ter ganhado o carimbo no passaporte de entrada das dimensões celestiais? Pouca coisa poderia ser mais ridícula que isso!

Crescer como cristão ou o crescimento genuíno de um cristão é na verdade conheceres e praticares... O ANTI-CRESCIMENTO(!!): ao invés de cresceres em justiça pessoal inflada, a cada dia te aprofundas mais e mais na descoberta de tua própria miséria. A água da Palavra a cada dia adentra os abismos mais profundos de tua lama interior, trazendo à tona sujeiras e mais sujeiras. Algumas queridas, de estimação, outras por mecanismos diversos também fortemente arraigadas. Crescer como cristão tem muito mais de escavação do que de alpinismo. Achavas que o caminho cristão era como uma corrida de vídeo game? Em que ias coletando pedras ou pontos, acumulando mais e mais virtudes e bons adjetivos até o seu grand finale? Que simplório e falso o cristianismo a que foste apresentado! Com deturpações te ensinaram. Pode parecer chocante, mas anotes bem aí: crescer como cristão não é fazer cultivo de virtudes. Pelo contrário! É praticares a derrubada cruel das árvores que sempre cultivaste, essas tidas por aí como as tuas mais honradas "virtudes". É descobrires que à sombra delas o pecado horrivelmente cresceu (e cresce) e floresceu (floresce). Mesmo que ninguém o veja, ali ele está, a lançar dentro de ti raízes as mais distantes e fundas. É o fim de todas as tuas nobrezas, é como ganhar de presente um prego para todos os teus balões. Crescer como cristão é descobrir-te injusto, hoje. Amanhã de novo e depois também: falto, quebrado, réprobo. Novas rachaduras, vazamentos desconhecidos que teimam em aparecer. E isso não é que te reconheças em iniquidade e que não vás rompendo com teus pecados (o que seria a troca do arrependimento pelo cinismo), mas que a cada dia os descobres outros ou até os mesmos (pecados), mas mais malignos, mais camuflados, mais maquiados, mais fundos. Crescer como cristão é cresceres na percepção do tamanho pavoroso de tua desobediência, é reconheceres tua inconformidade diante de DEUS, a miséria que és sozinho e analisado sem a Vida do ESPÍRITO: um monte de atrapalhos, maldades e erros, sozinho em tuas perversões pessoais, em tuas deformações, em teus desertos, em tua sequidão, em tua nudez, em tua solidão, nessa tragédia que chamas de existência. Verdade é que há outras lições a aprenderes como a fé no Sacrifício substitutivo e a experiência da Vida substitutiva. Mas, amigo, não podes queimar etapas! Se queres obedecer a DEUS e cumprir Sua justiça, a primeira das lições é esta: tu não O obedeces (convicção de pecado). E só O começarás obedecer à medida em que cresceres na percepção e consciência de tuas desobediências. E, gozado, vás a descobrir algo que soa triste (rsrs): que na verdade nunca cresces .... a cada dia estás.... oh não... MENOR até!! Isso mesmo! HA!

Se queres mesmo perseguir este Caminho, terás que lembrar que teus dias serão na verdade isso, de profunda humilhação (não de orgulho) e que voltarás a este exercício com frequência: descobrires dentro de ti e de teu mundo caótico áreas independentes e terrenos rebeldes, nos quais o teu eu atrapalhado e soberbo continua assentado no trono, lugares onde devia estar DEUS. E que lá está ele (você) dizendo para si mesmo a frase que somente DEUS pode proclamar: "EU SOU". Oh! Que não pensavas que eras tão satânico e blasfemo! Lamento tanto! Como o príncipe de Tiro era a ilustração de Lúcifer, a analogia do monarca que era a miniatura de Satanás também poderia ser perfeitamente escrita a teu respeito e te cairia tão bem como uma luva. Sim, isso mesmo! Porque dentro de ti trazes muito da antiga Serpente, da tão falada Estrela Caída e dela foste (és?) descendência. Entendo que iniciares o Caminho da Luz ao descobrires dentro de ti esse terrível monstro não seja mesmo cousa fácil. Quem sabe não te encha de forças a lembrança docemente assombrosa de que o Altíssimo, o Exaltado, o Sublime, Aquele que é, que era e que há de vir, o que habita a eternidade, Ele mesmo te amou, ainda assim, apesar de tuas monstruosidades.

Deveras estranha é esta lição: a primeira honra dos justos é na verdade descobrir a própria desonra e, portanto, descobrirem a si mesmos (assumirem que são) injustos. Se a coisa continuasse baseada apenas nisso estaríamos numa falácia e absurdo, porque descoberta a injustiça, injusto é o que és. Só pela constatação não perderás esse adjetivo. Portanto, verdade é que apenas com esse passo de reconhecimento não poderás apaziguar teu coração nem satisfazeres a Justiça (um Outro terá que fazê-lo por você), muito menos poderás mudar essa tua natureza maligna. Mas a lição primeira da justiça é mesmo esta: não te eximires da tua própria culpa e não dares a teus pecados outros nomes que neguem a palavra real e mais básica: PECADO.

Se tal te parece pesado, faze a escolha mais velha e mais tradicional de nossa raça: basta aderires a desculpas esfarrapadas ou aos "modernosos" relativismos... "Tenho meus motivos", "tudo depende do ponto de vista", "não é bem assim"... E assim... Zzziuuuummm...!! lá se foi de ti o cristianismo, mesmo que esteticamente ainda tentes mantê-lo, que seja fazendo essa prece ou quem sabe tatuando cruzes na testa!

Portanto, vemos que ser cristão nada diz respeito a teres mais ou menos pecados que os demais, mas diz da forma e da radicalidade com que lidas com teus pecados à Luz da Palavra de DEUS. Verás pessoas "pouco" pecadoras que estão pouco incomodadas com os que têm e que não obstante os "poucos" pecados permanecem MUITO longe de darem com os pés neste Caminho. Não serão as moradas celestiais o lugar para os pecadores mais leves. Mas sim o lugar das pessoas que resolveram/resolverem seus pecados, quaisquer sejam as colocações em que estavam/estejam no "ranking de comparação entre os seus semelhantes".

Crescer como cristão, é diariamente isso (mas não apenas isso!): dar-te conta da tua nudez diante de DEUS, de que és apenas um punhado caótico de pó e de que todos os teus melhores equilíbrios e virtudes são os mais ridículos possíveis, um rabisco, trapo de imundice diante do resplendor da justiça e da santidade do Altíssimo.

Aparentemente, tão muito melhores e mais confortáveis as religiões, que pregam nossa simetria ou um exercício para a simetria, a busca da perfeição e do ideal, a beleza, o acúmulo das virtudes, a premiação orgulhosa, pela via dos trabalhos e méritos do eu interior. Aparentemente.

Aparentemente, que tão pesada essa fé continuamente humilhante, em que somos pintados e voltamos à descoberta diária da assimetria, da falta, da incompletude, da inadequação, da miséria, da feiura. Aparentemente.

Aparentemente porque depois o jogo vira, principalmente passada a euforia / dor inicial e mais já ao longo da estrada. As doces religiões se mostram pesadíssimas e te esmagam. A cortante Cruz de CRISTO de cara te humilha e fere, mas logo em seguida te cura e liberta. Te dá a leveza. Atinges a doce e sublime paz. Não era nada à toa o tão elegante convite de YESHUA em Mateus: "Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei." Ele fala(va) às pobres almas cansadas de lutar por sua própria justiça.

Por isso, o cristianismo não é o trabalho árduo e o esculpir das virtudes como as outras religiões e a filosofia. O cristianismo é na verdade o desfolhar-se, a desconstrução, a subida que é feita pela descida, quanto mais se desce, mais sobe. Quando achas que estás despontando à frente como primeiro, estás em último, e quando em vergonha não levantas os teus olhos para DEUS, julgando-se o último, Ele sorri ao ver como de um salto disparas à frente e tomas teu lugar entre os primeiros.

Vê, portanto, que essencial a compreensão do pecado. Nas condicionais da primeira carta de João, duas te saltarão aos olhos ao dizerem da forma como o homem lida com o pecado:

"SE dissermos que NÃO TEMOS PECADO nenhum, enganamo-nos a nós mesmos, e a VERDADE NÃO ESTÁ em nós."

"SE dissermos que NÃO TEMOS COMETIDO PECADO, fazemo-Lo mentiroso, e a Sua PALAVRA NÃO ESTÁ em nós."

Vê quão grave é essa não percepção do pecado (!), tanto de uma convicção geral de pecado quanto de pecados específicos, do cotidiano, do dia-a-dia. A ponto de uma te bloquear o acesso à Verdade e a outra de ofender a DEUS como mentiroso e de te interromper o exercício da Palavra! (Faço pausa para que repares bem. Como vai mesmo essa tua caminhada sobre as duas pernas?? Mares de lágrimas vejo daqui! Ha!)

Mas... quão doce é o versículo 9 (!):

"Se CONFESSARMOS os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos PERDOAR os pecados, e nos PURIFICAR de TODA injustiça."

UAU! Que atividade ou exercício tão poderoso esse! Que resultados mais magníficos produz! A quem buscarás para que te ajude a manejar essa arma deveras excelente?

Lamento, mas pouca ajuda encontrarás entre os que se dizem discípulos. Os mais antigos tornaram a confissão um rito ridículo, em que eras perdoado pela coragem de contar os segredos deste ou daquele ato infame teu, a um terceiro, sacerdote. Como se tu, sendo cristão, não fosses sacerdote ou como se a confissão se resumisse a contar escândalos e segredos de valor no mundo da maledicência e não a ligar atos pecaminosos a mecanismos de pecado, à luz de DEUS, e em decisão de mudança. Entre os mais jovens "discípulos", também não encontrarás ajuda. Estão muito dedicados a serem politicamente corretos, a parecerem mundialmente aceitos e modernos e estão ocupados em riscar o pecado da lista de nossas doutrinas, aliviando o mundo de suas culpas pela via da negação. "Isso é normal", "isso é aceito", "não falemos disso", "vivamos o evangelho inclusivo". Na certa, o Natal que celebramos recentemente e que foi o adentramento de DEUS no mundo da matéria e dentro da espécie humana, algo impensável até aos anjos que o Altíssimo fizesse por seres tão pequenos e malignos, Sua Vida humana dura e Sua crucificação, nada disso tinha a ver com pecado. Que pecado, não é mesmo? Acredita: Não esperes que esses te ensinem a confissão porque estão dedicados a torná-la inócua. O Natal / a Encarnação era só uma "aventura" de DEUS pelo planeta Terra, dizem, e YESHUA foi para a Cruz mais como um adolescente vai ali botar um piercing na esquina! Trocando em miúdos, ao anularmos a seriedade dos pecados de nossa raça e nossos individuais, é mais ou menos isso que muitos "cristãos" dizem por aí. Adianto-te que mais boas coisas encontrarás no satanismo declarado do que com essa gente!

Sendo assim, poderás concluir que estamos na mesma dos tempos de YESHUA e dos apóstolos. Como eles, que também quase nada de bom encontraram nos líderes e nos devotos / religiosos da época e tudo o que tinham era o testemunho dos patriarcas e dos profetas preservados nas Escrituras para encontrar a verdade da justiça e do amor na Torá, também nós, a ninguém temos seguramente, a não ser a obra da Providência, a qual apesar de tantos falsos da história e antes das primeiras populações humanas aglomeradas como Ur, Lagash e Eridu tem preservado as histórias e revelações que nos interessam e de quem nos interessa, primeiro pela tradição e depois pela escrita, trazendo até os nossos dias o socorro das Escrituras.

Sei que te irritarás comigo, havendo eu começado um texto de confissão e que depois de tantas linhas te diga isso: que não vou iniciar aqui um tratado sobre a arte da confissão. Muito mais me alegra que tenha plantado em ti as perguntas e o desejo de conhecer pessoalmente a YESHUA e o testemunho das Escrituras. Mas de um ponto de vista prático, falarei de minha própria confissão aqui.

No último dia do ano de 2015, muito poderia eu contar-te de tantas coisas boas que fez o SENHOR porque de fato Ele o fez. Poderia resumir minha retrospectiva nos bons acontecimentos e nas páginas cor-de-rosa. Acabei a luta de seis anos de graduação, enfim sou médico, agora tenho dois trabalhos que amo, caminho com saúde, a família vai bem. Se nada disso é mentira, fazer disso o todo certamente o é. Aonde estão as sujeiras e os dias cinzas de Thiago Abreu?

Verdade mais completa é essa: 2015 não foi tão cor-de-rosa assim. Não mesmo. E eu também não vou tão bem assim. Definitivamente não mesmo. Por detrás das cascas, das roupas e dos títulos, aqui vai uma fé deficiente, um homem difícil, lento em seu chamado, teimoso. Dias em que era para ter sido perseverante, fui indulgente e covarde. Desisti. Dias em que era para desistir e abandonar, fui obstinado e fiquei. Teimei. Poderia contar por aqui este ou aquele pecado em específico e na forma de uma conduta ativa ou omissão. Mas confissão é mais que isso. E isso essencialmente deve ser feito mais em privacidade com DEUS e, caso necessário, com a ajuda de um experiente que te ajude a compreender o que não é pecado claro e que precise melhores análises e conselhos. Mas que contigo fique isso: confissão é mais que nomear atos. É identificar os mecanismos de pecado ou os erros de princípio, os quais terminam em atos ou omissões pecaminosas. À Luz de DEUS, em decisão de mudança pela Vida do ESPÍRITO.

Pensando e orando esses dias, percebo 3 mecanismos básicos de pecados nos quais claramente patinei esse ano e que resumem em chaves (grupos) os atos e omissões pecaminosas de 2015. Espero tomar equilíbrio em 2016:

1) Pequei contra a DISCIPLINA da Palavra. Tenho sido muito indulgente com meu tempo, meus recursos e minhas oportunidades. Desperdiçado a abundância de DEUS e com coisas que jamais hão de voltar. Não posso continuar assim. Isso me causou graves problemas em 2015.

2) Pequei contra a direção do ESPÍRITO SANTO e Sua Paz, descrita na elegância das Escrituras como a "Paz que excede todo entendimento", o leme dos cristãos, a poderosa bússola que aqueles que não nasceram da água e do ESPÍRITO não conhecem e não podem sequer começar a entender do que se trata. A inquietude sempre há de bater às portas de um cristão em diversas situações, mas não quero mais me encontrar lutando contra a direção e a Paz do ESPÍRITO, teimando em rumos que DEUS claramente já disse NÃO e retirou de mim a paz para este ou aquele caminho. Fiz isso a perder de vista esse ano e isso é horrível. Que cesse minha luta contra DEUS. Que loucura insistir nisso!

3) Pequei contra a SIMPLICIDADE de CRISTO, enchendo-me de cuidados, e preocupações, e inquietações, e expectativas que não estão na agenda de DEUS para mim, nem para mais ninguém, trazendo ao meu coração ansiedades da minha primeira natureza, decaída e ímpia, das paixões e planos dos sistemas dos homens. Tenho me tornado um homem ridículo, cheio de vaidades e aspirações que não são pra mim. YESHUA era um homem simples. Perder Sua simplicidade ou não caminhar em Sua simplicidade é perder a beleza fundamental dEle é que é também a beleza dos cristãos.

Não é ensaiando o Lótus ou uma postura simétrica frente ao espelho que atingirei essas mudanças. Nela só vejo minha escoliose e meus insucessos. Preciso ver a DEUS no rosto de CRISTO. Preciso que o SENHOR me perdoe e que Seu ESPÍRITO em mim produza o fluir substitutivo da Vida e da Justiça. Que venha um 2016 de mais JESUS CRISTO em mim, sobre mim e através de mim. Que o ridículo brilhantismo de Thiago suma cada vez mais e mais até que a imagem do FILHO em mim seja verdadeiramente completa!

Não consigo desejar outra coisa melhor a alguém e é o que também desejo a ti! Adeus, 2015! Confissão, arrependimento, sabedoria e Imagem sejam grandes e prósperos em teu viver!